The Devil and Daniel Johnston conta-nos a história do senhor a que o título se refere,Daniel Johnston. Acima de tudo ele é um artista, mas onde mais fortemente se destaca é na música e no desenho. Sendo que a sua arte dificilmente pode ser compreendida sem se conhecer o homem que está por detrás, o filme começa por nos contar os primeiros anos da sua vida naquela que é a parte mais fraca da história, contudo necessária de ser contada. Depois sucedem-se acontecimentos cada vez mais estranhos enquanto Daniel luta com a sua condição de maníaco-depressivo que tanto o ajuda na sua criatividade como quase o destrói por completo. Tal como a maior parte das pessoas que já tiveram contacto com a sua obra, vemo-nos num constante esforço para tentar compreender a sua arte. É aqui que para mim a sua história se torna única. É que enquanto a maior parte dos artistas olhava para aquilo que tinha feito e ia sobre-analisar tudo, acabando quase de certeza por detestar a sua própria criação, Daniel não parece ter essa capacidade de analise, sendo nesse aspecto como uma criança. A fé que tem naquilo que está a fazer é inabalável e isso acaba por fazer com que outros acreditem também. É exactamente entre a fé a sua doença que Daniel fica obcecado pelo Diabo. Obcessão essa que por um lado trás ao de cima algumas das suas melhores criações mas que o leva a sabotar a sua própria carreira.
Jeff Feuerzeig consegue fazer um excelente retrato deste artista criando um ambiente que está constantemente em equilíbrio entre a genialidade e a loucura. Os pais, irmãos, amigos e conhecidos, todos têm oportunidade para contar a hístoria do seu ponto de vista mas os momentos mais fortes são conseguidos quando, ao longo de todo o filme, se vão reproduzindo bocados de gravações que Daniel fez ao longo da sua vida, falando acerca de si em estilo de diário.
Não querendo retirar qual crédito ao realizador, reconhecido aliás no festival de Sundancecom o prémio para melhor realizador em documentário, quanto a mim grande parte do seu trabalho estava já feito por Daniel Johnston. Esta é uma história no mínimo bizarra mas obrigatória de ser conhecida." (Fila do Meio, Portugal)